Sindicatos vão cobrar licença-maternidade de seis meses

16 de setembro de 2008

A ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses, aprovada na última terça-feira, 9, entrará na pauta das próximas negociações trabalhistas. Apesar de a Lei 281/2005 prever os dois meses extras como opcionais e só a partir de 2010, entidades sindicais baianas prometem colocar o assunto nos dissídios coletivos já em 2009. “Com certeza, os sindicatos em todo o Brasil irão defender esta bandeira”, garante o presidente em exercício da Força Sindical, Nilson Bahia.
Segundo ele, a lei concede às mulheres e crianças um direito legítimo. “Vamos brigar para colocar os dois meses nos acordos coletivos”, afirma Bahia, destacando a pretensão de estender o benefício aos funcionários de empresas que operam no Simples Nacional, excluídos na lei.
Representante de um setor que emprega aproximadamente 75 mil pessoas em Salvador, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia, Paulo Motta, informa que não vai sequer discutir a ampliação do benefício. “Mais de 80% das empresas do comércio trabalham sob o regime do Simples”, pondera. “Não iremos absorver esta cláusula de maneira nenhuma”, adverte.
Do outro lado, o Sindicato dos Comerciários, que abriga muitas mulheres, informa que vai colocar a ampliação da licença na negociação. “Vamos cobrar”, promete o presidente do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Jaelson Dourado. A intenção é levar o assunto para discussão em março, época das negociações com os patrões. Apesar de também manifestar preocupação com a capacidade das pequenas empresas, no sentido de absorver a medida, Dourado não pretende recuar: “Vamos propor algo que permita a todas as comerciárias ter o benefício”.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Carlos Pessoa, a tendência de cobrar a ampliação do benefício deve se repetir em todas as categorias. “Vai haver uma pressão muito forte neste sentido”, prevê. Entretanto, ele acredita que a medida pode fragilizar a posição da mulher no mercado de trabalho. “A mulher concorrendo com o homem vai ser contratada apenas quando apresentar mais qualidades”, avalia Pessoa.
Dono de uma correspondência financeira, com 90% do quadro compostos por mulheres, o empresário Eduardo Rego é favorável à ampliação do benefício e garante que a qualidade do trabalho feminino compensa o custo extra. “Prefiro deixar de contar com as funcionárias durante seis meses e recebê-las motivadas depois, que manter alguém que não consegue render, preocupada com o filho”, afirma Rego.
A caminho do oitavo mês de gravidez do menino Hugo, a comerciante Semyramis Couto se divide entre a constatação da importância no contato entre mãe e filho e a preocupação com o custo que a licença representa para o empreendedor. Ela diz estar feliz com a aprovação da lei como mulher, mas não concederia dois meses extras para alguma de suas três funcionárias. “O custo é muito alto, por enquanto não pretendo dar”, afirma.
(FONTE: A TARDE ON LINE)