Secretário do Tesouro Nacional descarta superaquecimento da economia

29 de julho de 2010

A acomodação da economia observada no segundo trimestre dispensa a
necessidade de medidas adicionais para conter o seu aquecimento, disse
ontem (28) o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Segundo ele,
a desaceleração da inflação e da atividade industrial indicam que as
expectativas de superaquecimento da economia brasileira em 2010 não
estão se cumprindo.

“Seguramente, não há superaquecimento da economia, o que mostra que
as projeções do Ministério da Fazenda não estavam erradas”, afirmou o
secretário. De acordo com ele, o objetivo do governo agora é monitorar
as condições da economia para que o crescimento não fique abaixo do
previsto.

“A gente tem de acompanhar a atividade econômica para que o
crescimento seja o previsto, ou seja, nem acima nem abaixo. Isso exige
uma atenção redobrada. Crescer menos, na nossa opinião, seria bastante
negativo”, disse Augustin.

O secretário evitou comentar se a desaceleração da economia terá
impacto nas receitas fiscais em julho. Ele, no entanto, reconheceu que a
expansão da arrecadação será menor nos próximos meses. “A receita não
será tão positiva, mas a gente não tem de olhar apenas a arrecadação,
mas todo o conjunto da economia”, acrescentou.

Augustin evitou comentar se as medidas para sustentar o crescimento
incluem a diminuição do ritmo de aumento de juros pelo Banco Central.
Apenas afirmou que o Tesouro pode agir pelo lado fiscal, atendo-se à
programação financeira divulgada pelo Ministério do Planejamento no
último dia 20.

“Não estamos crescendo além do previsto e não temos de tomar medidas
que segurem a economia, mas manter as coisas andando. Esperamos que o
crescimento seja sustentável, de forma que o Brasil continue sem
superaquecimento, mas também sem crescimento menor que o esperado”,
disse Augstin.

Oficialmente, o Ministério da Fazenda projeta expansão de 6,5% para o
Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Há duas semanas, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o crescimento pode chegar a 7%. A
estimativa, no entanto, foi divulgada antes dos indicadores que mostram
desaceleração da atividade industrial em junho.

No primeiro semestre, o superávit primário – economia de recursos
para pagar os juros da dívida pública – somou R$ 24,7 bilhões. Para
atingir a meta de R$ 40 bilhões para o segundo quadrimestre (até
agosto), o Governo Central (Tesouro, Previdência Social e Banco Central)
precisa economizar R$ 15,3 bilhões nos próximos dois meses.

Apesar disso, Augustin afirma que o governo fechará o ano cumprindo a
meta cheia, de R$ 75 bilhões até dezembro. “Estou confiante de que não
haverá necessidade de usar o mecanismo que permite o abatimento dos
gastos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] da meta de
superávit.”

* Agência Brasil