RELATOR DO ORÇAMENTO COMEÇA A DISCUTIR NOVO VALOR PARA O MÍNIMO

5 de novembro de 2010

O relator-geral da proposta
orçamentária para 2011 (PLN 59/10), senador Gim Argello (PTB-DF), começa nesta
quinta-feira (4) a negociar o aumento do salário mínimo para o próximo ano. A
primeira reunião será com as centrais sindicais. Na próxima semana, ele deve se
encontrar com a presidente eleita Dilma Rousseff para tratar do mesmo assunto. O
projeto orçamentário prevê um reajuste de 5,52% para o mínimo, que subiria dos
atuais R$ 510 para R$ 538,15 a partir de 1º de janeiro.
Argello adiantou que
vai arredondar esse valor para R$ 540 no parecer preliminar a ser apresentado
até sexta-feira (5). As centrais sindicais informaram nesta quarta-feira (3) que
vão reivindicar um aumento para R$ 580, o que significaria um impacto de R$
11,986 bilhões nas despesas primárias de 2011.
O relator evitou se
comprometer com qualquer valor agora. “Tudo vai depender de muita negociação. A
partir desta quinta-feira (4), começaremos uma discussão mais firme sobre o
salário mínimo, mas temos que trabalhar com a realidade”, disse Argello. Ele
também afirmou que a nova presidente manifestou o desejo de já definir neste ano
o mínimo para 2012. “Seria um reajuste por biênio”, disse o senador.
O
aumento do mínimo afeta gastos com abono e seguro-desemprego, benefícios
previdenciários e assistenciais. Cada real de reajuste implica uma despesa extra
de R$ 286,4 milhões, em termos líquidos.
Demanda
Nesta quarta-feira, a Comissão
Mista de Orçamento aprovou a primeira avaliação da arrecadação federal para
2011. O parecer do relator, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), elevou a
arrecadação em R$ 17,683 bilhões. Agora, o senador Gim Argello deverá definir,
no seu parecer preliminar, a forma de divisão desses recursos adicionais.
De
acordo com Argello, as demandas que já chegaram a ele somam mais de R$ 30
bilhões. Nessa conta, foram considerados a inclusão de recursos para compensar
os estados exportadores por perdas decorrentes da Lei Kandir (Lei Complementar
87/96) dispensou do ICMS operações que destinem mercadorias para o exterior, bem
como os serviços prestados a tomadores localizados no exterior. Com isso,
estados e municípios perderam parcela da arrecadação de seus impostos. Como
compensação dessas perdas, decorrentes da política econômica implementada pelo
governo federal, a União ficou com a obrigação de ressarcir os estados e
municípios mediante repasse de recursos financeiros. e os reajustes do salário
mínimo e dos servidores do Poder Judiciário, entre outros itens.
Além disso,
o parecer preliminar deverá indicar o valor das emendas individuais ao
Orçamento. Argello disse que vai manter o valor do ano passado (R$ 12,5 milhões
por parlamentar), o que equivaleria a um gasto de R$ 7,425 bilhões. Porém, deve
haver pressão para elevar esse número — desde 2004 há reajustes anuais no valor
das emendas.
Receita
O
parecer do deputado Bruno Araújo eleva as receitas primárias brutas de 2011 para
R$ 985,3 bilhões, com receita líquida (depois de retiradas as transferências
constitucionais para estados e municípios) de R$ 820,4 bilhões, contra R$ 802,7
bilhões da proposta original. Neste ano, a última estimativa do governo
mencionava receitas líquidas de R$ 711,6 bilhões.
Para chegar ao novo
patamar, o deputado projetou aumento de R$ 10,6 bilhões na receita administrada,
R$ 6,2 bilhões na arrecadação do INSS e R$ 870 milhões nas receitas não
administradas.
Uma nova estimativa deverá ser feita em dezembro, após a
votação do último dos dez relatórios setoriais. Até lá, a Comissão de Orçamento
terá recebido a revisão dos parâmetros macroeconômicos para 2011, preparada pelo
Ministério da Fazenda. Poderão ser incluídos novos valores para indicadores que
afetam a arrecadação, como o Produto Interno Bruto (PIB), a massa salarial e a
inflação.
Durante a discussão do parecer, o deputado Júlio Cesar (DEM-PI)
cobrou de Bruno Araújo a inclusão de receitas com os programas de parcelamento
de débitos (Refis e outros) e com os royalties do petróleo, que podem ser
afetados pela elevação do preço do óleo no mercado externo. “As receitas estão
subestimadas”, afirmou Cesar. Araújo prometeu analisar a questão. “Vamos fazer
as coisas com responsabilidade”, afirmou.
(FONTE: AGÊNCIA
CÂMARA)