Receita Federal quer que prefeituras cobrem Imposto Territorial Rural

7 de novembro de 2012

A Receita Federal está fechando um acordo com as prefeituras para transferir
à administração municipal a tarefa de cobrar dos proprietários rurais o Imposto
sobre Território Rural (ITR). Convênios serão celebrados nesse sentido para
valer a partir de janeiro de 2013.

Atualmente, a arrecadação do ITR é
pífia: representa apenas 0,01% do bolo tributário federal. Há, porém,
expectativa de que, se bem cobrado, a receita do tributo pode saltar para 6,
como ocorre em vários países.

De acordo com o Comitê Gestor do ITR, se a
arrecadação do ITR atingir esse patamar, o governo teria injetado em seus cofres
mais R$ 38,3 bilhões além dos R$ 612 milhões que foram efetivamente
registrados.

O debate sobre a municipalização do ITR começou no mandato
do ex-presidente Lula. Logo que ele assumiu, uma comissão da Confederação
Nacional de Municípios (CNM) reclamou sobre dificuldades de arrecadação do
ITR.

A solução demorou quase dez anos por que parte da cúpula da Receita
Federal entendia que os prefeitos deveriam ter um sistema exclusivo para
administrar esses recursos, ao invés de ter acesso ao sistema dos auditores
fiscais.

Prevaleceu o meio-termo: as prefeituras vão ter acesso apenas
aos dados das propriedades que estão na área de jurisdição de cada
município.

Em debate realizado na Comissão de Direitos Humanos do Senado
sobre terras quilombolas, o procurador da República Leandro Mitidieri também
chamou a atenção para o ritmo da regularização das terras quilombolas no Brasil.
Segundo ele, de 1988 a 2011, apenas 110 territórios foram titulados no país, o
que corresponde a 6% das áreas reivindicadas pelos descendentes de
escravos.

A tributação sobre as terras tituladas foi outra preocupação
levantada pelo procurador. “Hoje, as populações em áreas regularizadas são
obrigadas a pagar IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] e ITR [Imposto
Territorial Rural], o que me parece inconstitucional, pois o direito dessas
comunidades à terra não pode ser restringido por tributos. Em caso de reforma
agrária, existe lei prevendo a isenção. Em última análise, a regularização de
terras quilombolas não deixa de ser uma reforma agrária, uma vez que ela dá a
terra a quem é de direito”, argumentou.

No Brasil a população quilombola
é estimada em 1,7 milhão de habitantes, segundo a Seppir. O número de
comunidades reconhecidas é 1.948. Desse total, 1.834 já foram certificadas pela
Fundação Palmares, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, para
preservar a cultura afro-brasileira. A maior parte das comunidades certificadas
(64%) está na Região Nordeste, e em seguida aparece a Sudeste com
14%.

* DCI – SP