Propostas para acabar com guerra fiscal podem nem sair do papel

31 de outubro de 2012

Pacote de medidas que prevê alíquota única de ICMS em 8 anos enfrenta
resistência do Senado. Estados mais pobres poderiam conceder benefício no
imposto desde que respeitassem as novas regras.

Para acabar com a
guerra fiscal no país, a comissão formada por especialistas em tributação
entregou ontem ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um pacote de
medidas (projetos de lei e proposta de emenda constitucional) que criam regras
para concessão de benefícios.

As propostas da comissão vão enfrentar
resistências de senadores durante a sua tramitação, sinal de que a maioria pode
nem sair do papel.

A unificação das alíquotas do ICMS em 4% deve ocorrer
em um prazo de oito anos -como previa proposta de reforma tributária defendida
pelo governo. Hoje, as alíquotas variam de 7% a 12%.

Está mantida também
a exigência de unamidade do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária)
para que um Estado dê incentivo fiscal com o ICMS. Mas há exceção para os
Estados mais pobres (com renda per capita abaixo da média nacional).

“O
Estado que sair criando leis e dando benefícios será punido. Um projeto para
alterar o Código Penal prevê até quatro anos de prisão para quem não respeitar
as regras”, diz o advogado Ives Gandra Martins, um dos integrantes da
comissão.

No caso de regiões mais pobres, o incentivo fiscal tem de ser
aprovado por dois terços dos integrantes do Confaz, só pode ser concedido para
indústrias, tem de respeitar a alíquota mínima de 4% e só pode durar oito
anos.

Irritados com criação da comissão por Sarney, integrantes da CAE
(Comissão de Assuntos Econômicos) afirmam que a competência para sugerir
propostas nas áreas fiscal e tributárias é da comissão, e não de
especialistas.

“A comissão de notáveis quer impor uma posição. Vão trazer
mais pressão e mais demandas sobre temas que são tão delicados”, disse o líder
do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AP).

Sarney deve encaminhá-las
para tramitação na Casa.

Com exceção do projeto que criminaliza a chamada
“guerra fiscal”, os demais temas sugeridos pelos especialistas já tramitam no
Congresso e não avançam por falta de acordo entre os
parlamentares.

Proportas dos notáveis

1.
Unificação das alíquotas interestaduais em 4% em 8 anos, de forma gradual. Hoje
vão de 7% a 12%

2. Aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária
para conceder isenção, benefício e estímulo fiscais

3. Quem infringir as
regras ou criar leis para conceder benefícios pode ser punido com 4 anos de
prisão

4. Corrigir dívidas dos Estados com a União pelo IPCA e não mais
IGP-DI

5. Discussão de dois modelos para distribuir recursos do FPE
(Fundo de Participação dos Estados)

* Folha de S.Paulo