País não cresce tão rápido desde o Real

8 de junho de 2010

Projeção média do mercado para PIB no primeiro trimestre é de 2,5% (10,2% anualizado), com salto em três trimestres de pelo menos 6% 


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta terça-feira, 8, o resultado do PIB do primeiro trimestre, com a projeção média do mercado apontando um crescimento de 2,5% comparado ao trimestre imediatamente anterior (na série expurgada de variações sazonais), o que significa um ritmo anualizado de 10,2%.


Com esse anúncio, o Brasil deve registrar, a partir do segundo semestre de 2009, o período de crescimento econômico mais rápido desde o plano Real. Mesmo que a expansão do PIB de janeiro a março, comparado com o trimestre imediatamente anterior, em bases dessazonalizadas, venha no piso das expectativas de mercado, de 2,2%, a economia terá dado um salto de 6,1% em nove meses – isto é, na comparação com o PIB do segundo trimestre de 2009. No plano Real, o PIB do primeiro trimestre de 1995 foi 10% superior ao do segundo trimestre de 1994.


Segundo as estimativas das 30 instituições financeiras ouvidas pela AE Projeções, da Agência Estado, a economia acelerou-se ante o forte ritmo já alcançado o último trimestre de 2009, e deve ter crescido entre janeiro e março de 2,2% a 3,1% (9,1% a 13%, anualizado), ante o trimestre anterior, em base dessazonalizada. A mediana das projeções da AE Estado para esse indicador é de 2,5% (10,4% anualizado). No último trimestre de 2009, o crescimento ante o terceiro foi de 1,7%.


Já em relação ao crescimento no primeiro trimestre comparado a igual período de 2009, a AE Projeções colheu 28 projeções, que variaram entre 7,74% e 9,20%, com mediana de 8,55%.


“Na verdade, qualquer número de 2% a 3% significa um ritmo muito forte”, comentou Alexandre Pavan Póvoa, diretor do Modal Asset Management, referindo-se à comparação ante o trimestre anterior.


Pavan, que tem projeção de 2,2% para o crescimento do PIB no primeiro trimestre, acha que a definição de um número mais próximo de 2% ou de 3% vai depender basicamente dos investimentos. No caso do Modal, a projeção é de um crescimento do investimento de 2,5% ante o trimestre anterior, o que dá um ritmo de 10,4% anualizado.


Já o Santander tem uma previsão bem mais agressiva para a expansão do investimento no primeiro trimestre, de 5,1%, naquela mesma base, o que dá mais de 20% anualizado. Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander no Brasil, ressalva que a sua projeção com resultados mais consistentes é a que compara com o mesmo período do ano anterior – nessa base, e previsão para os investimentos é de um salto de 19% no primeiro trimestre.


As instituições também projetam a continuidade do forte desempenho do consumo das famílias. “São dois motores, investimento e consumo”, diz José Márcio Camargo, da gestora Opus. A mediana das projeções de mercado para o crescimento do PIB em 2010 já é de 6,6%.


* publicado no O Estado de S. Paulo