O que mudar na Previdência

5 de julho de 2010

Uma das causas dos crescentes gastos públicos brasileiros, acima do crescimento da economia, é a Previdência, especialmente do setor público. Para o país poder iniciar uma trajetória de corte de impostos deve fazer reforma previdenciária para modelo parecido com o de países europeus, alerta o economista Mailson da Nóbrega. Hoje, a mulher pode se aposentar com 51 anos e o homem, com 54. Segundo ele, há vários casos de mulheres no Brasil que passam mais tempo recebendo aposentadoria do que trabalhando. Isso não pode estar certo.


O Brasil, na avaliação do economista, precisa mudar o sistema de pensões. Hoje, a viúva ou viúvo recebe 100% da pensão. Há casos de moças de 20 anos casando com aposentado de 80 anos e, depois, vai gozar da pensão por 60 anos ou mais. Há fraudes assim. Nos outros países, a pensão depende do tempo em que o aposentado contribuiu, tamanho da família e se o cônjuge tem outra fonte de renda. Na Alemanha, a aposentadoria é com 67 anos e na França subiu de 60 para 62 anos. Para Mailson, o brasileiro não pode se aposentar antes dos 65 anos. O que deve ser feito, numa reforma, é preservar direitos, ao longo de 10, 15 ou 20 anos.


Setor público


Os cerca de 3 milhões de aposentados do setor público geram, para a Previdência, uma despesa maior do que os 23 milhões do setor privado. Para Mailson da Nóbrega, é preciso um regime único, com adoção do fator previdenciário a todos. O servidor público até contribui mais, mas daria uma aposentadoria de 30% a 40% do valor que ele recebe na ativa.


– Juízes e procuradores do âmbito federal não têm aposentadoria inferior a R$ 20 mil ou R$ 30 mil. Na verdade, contribuíram para receber R$ 5 mil a R$ 6 mil por mês e não para ter aquela aposentadoria maravilhosa. Isso não resiste ao menor cálculo se forem considerado os valores que contribuíram para a Previdência – explica o ex-ministro.


Segundo ele, são verdadeiras castas que vivem com altas aposentadorias pagas com impostos dos contribuintes.


* da coluna Informe Econômico, por Estela Benetti, publicado no Diário Catarinense