Inadimplência das empresas aumenta 16,5% no semestre

31 de julho de 2012

A inadimplência das pessoas jurídicas cresceu 16,5% no primeiro semestre de
2012 em comparação com igual período do ano anterior, segundo dados divulgados
ontem (30) pela empresa de consultoria Serasa Experian. É a maior alta para os
seis primeiros meses do ano desde 2009, quando houve elevação de 35,8%, de
acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Empresas.

“A
economia está praticamente parada e fica uma situação mais difícil para as
empresas até quando [elas conseguirem] vender [seus produtos], e pagar seus
compromissos. [É] uma situação complicada que deve se reverter, sobretudo, no
fim do terceiro e início do quarto trimestre”, disse o economista da Serasa,
Carlos Henrique de Almeida.

As dívidas não pagas aos bancos foram as que
mais aumentaram no primeiro semestre de 2012: 23,9% comparadas ao resultado do
mesmo período de 2011. Os protestos e as dívidas não bancárias também tiveram
forte crescimento: 19% e de 18,9%, respectivamente, ante os primeiros seis meses
de 2011. Já o volume de cheques devolvidos por falta de fundos aumentou 3,7% no
primeiro semestre de 2012.

De acordo com o economista da Serasa, o
resultado das empresas, além do baixo crescimento da atividade econômica no
país, pode ser explicado pela inadimplência das pessoas físicas, que afeta as
contas a receber, e pelo aumento do dólar.

“A atividade econômica está
baixa e o crédito mais seletivo por causa da sensação de maior risco na
economia. Tivemos ainda uma desvalorização do real com o intuito de estimular a
indústria. Várias empresas tomaram crédito no exterior e agora suas obrigações
financeiras estão mais altas. Isso vai ser problemático se as empresas não
gerarem receita em um horizonte mais curto”, destacou Almeida.

As dívidas
não bancárias (com fornecedores, cartões de crédito, financeiras, e prestadoras
de serviços como telefonia, energia elétrica e água) tiveram valor médio de R$
775,08, 4,3% a mais do que o resultado de igual período de 2011. As dívidas com
os bancos tiveram, de janeiro a junho, valor médio de R$ 5.293,25,13, montante
5,5% acima do registrado em igual período de 2011.

O valor médio dos
títulos protestados no primeiro semestre foi R$ 1.932,23, elevação de 10,9%
sobre o do período de janeiro a junho do ano anterior. Os cheques sem fundos
tiveram valor médio de R$ 2.203,03, aumento de 6,7% quando comparado ao do
acumulado dos primeiros seis meses de 2011.

A inadimplência das empresas
também apresentou elevação na relação entre junho de 2012 e igual mês de 2011.
Houve crescimento de 11,4%. Já na comparação de junho com maio de 2012, a
inadimplência das empresas recuou 5,7%.

“Não posso dizer que essa queda
da inadimplência em junho já seja um processo de redução de inadimplência das
empresas, um processo consistente. Acredito que nós vamos agora ter alguma
sazonalidade, empresas com inadimplência subindo, caindo. Mas, efetivamente, uma
condição melhor para empresas e consumidores deve ocorrer no último trimestre do
ano”, disse o economista Carlos Henrique de Almeida.

* Agência
Brasil