Grandes categorias pedem aumento real de salários de até 10%

6 de setembro de 2012

Fortalecidos pelas recentes greves feitas por servidores públicos,
petroleiros, químicos, metalúrgicos e bancários vão à mesa de
negociação.

Grandes categorias de trabalhadores, como petroleiros,
químicos, metalúrgicos e bancários, têm data-base de campanha salarial marcada
para os próximos três meses com pedidos de aumento real que vão de 2,5% a 10%.
Fortalecidos pelas recentes greves protagonizadas por servidores públicos, os
trabalhadores vão à mesa de negociação confiantes em um acordo que se aproxime
de suas reivindicações. Mas não descartam entrar em greve se não forem
atendidos.

Na terça-feira, 4, uma reunião entre metalúrgicos e
representantes do setor de máquinas e eletrônicos de São Paulo terminou sem
acordo e com a entrega de um ofício que alerta para uma possível greve. “A ideia
é até quinta-feira estar com isso resolvido, senão é problema marcado”, disse o
presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos
Trabalhadores de São Paulo (FEM CUT-SP), Valmir Marques, o Biro
Biro.

Químicos, petroleiros e bancários reforçam a postura dos
metalúrgicos e mostram que, apesar da expectativa positiva de acordos,
consideram cruzar os braços caso não haja acordo. Os trabalhadores da Petrobrás
começam na terça-feira uma semana de mobilizações com atrasos nos turnos para
pressionar a negociação. “Estamos otimistas, mas não estamos dormindo no ponto”,
alerta o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João
Antônio de Moraes. “O setor de petróleo tem crescido muito, temos expectativas
positivas. Mas a negociação nunca é fácil, só esperamos que este ano seja menos
difícil que nos anteriores.”

Os petroleiros entregaram pauta de
reivindicações à Petrobrás na sexta-feira, 31, por meio da qual reivindicam 10%
de aumento real, além de reposição da inflação. A pauta dos petroleiros este ano
é só econômica, já que questões sociais e trabalhistas têm prazo de validade de
dois anos e já foram acordadas em 2011. Além do aumento salarial, os
trabalhadores pedem definição de critérios para determinar participação nos
lucros e resultados (PLR). Segundo Moraes, a Petrobrás tem atualmente 80 mil
petroleiros, dos quais 50 mil estão na base da FUP.

Já os bancários
decidiram na terça-feira, 4, entrar em greve no dia 18, após mais uma rodada
fracassada de negociação. Antes disso, o Comando Nacional dos Bancários fará
assembleias para ouvir a categoria em todo País. A expectativa da categoria é de
que a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) apresente nova proposta antes disso
e reabra as negociações. Os banqueiros propõem um reajuste linear para salários,
pisos e benefícios de 6%, enquanto os trabalhadores pedem 10,25%, sendo 5% de
aumento real.

IPI reduzido

“Outras categorias já
conquistaram aumentos reais de salários e ainda estamos com geração de empregos
positiva no setor, apesar de menor que no ano passado”, afirma Sergio Luiz
Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e
Farmacêuticas do Estado de São Paulo. Os químicos têm um motivo a mais para se
manter confiantes: o benefício da redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para automóveis, que fez a indústria automotiva bater
recorde histórico em agosto. “Os automóveis usam muitas peças de plástico,
produzidas também pelo setor químico”, disse Leite.

Os químicos entregam
a pauta dos trabalhadores no próximo dia 19, com pedido de aumento real de 5%,
além da reposição da inflação. A categoria espera que as empresas comecem a se
manifestar a partir de 25 de setembro. Além do reajuste, pedem que o piso
salarial passe de R$ 950 para R$ 1.200 e participação nos lucros e resultados
(PLR) mínima em R$ 1.200.

Já os metalúrgicos querem 2,5% de aumento real,
além do reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 5,3%.
“Nós estamos na fase final da negociação, nossa data-base é em 1º de setembro. O
ideal é que já tivéssemos proposta para apresentar para os trabalhadores, mas
não temos”, disse Marques. “Temos 48 horas depois de oficializar a greve para
começar a paralisação. Podemos começar a qualquer momento”, disse, referindo-se
ao alerta feito ontem, 4 de setembro. A proposta patronal foi de 5% de reajuste.
“Isso não dá nem o INPC”, reclamou Marques.

Ao todo, a Federação dos
Sindicatos de Metalúrgicos negocia com seis grupos no Estado de São Paulo este
ano, já que as montadoras ficaram de fora, pois o acordo do ano passado também
vale para 2012. Nesta quarta-feira, 5, Marques se reúne com classe patronal de
setores como autopeças, estamparia e fundição. Até agora, apenas o grupo que
reúne sindicatos patronais dos setores de lâmpadas, equipamentos odontológicos,
iluminação e material bélico não agendou nova reunião.

* Agência
Estado