Governo quer evitar endividamento das famílias

5 de outubro de 2012

O governo está atento ao endividamento das famílias proporcionado pela
facilidade de crédito, diminuição de juros, aumento do poder aquisitivo e
ascensão de 38 milhões de brasileiros à chamada nova classe
média.

Segundo o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos
(SAE), Moreira Franco, “o governo não vai interferir”, mas vai cuidar para que
as famílias “não se endividem além da possibilidade”. Em sua opinião, o
endividamento não está em patamar “excessivo”, as pessoas gastam “conforme as
suas necessidades” e há um bom volume de poupança, “35% da classe média está
poupando”, garantiu. Moreira Franco participou hoje (4) do programa de rádio Bom
Dia, Ministro produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da
República em parceria com a EBC Serviços. Durante o programa, o ministro não
antecipou nenhuma medida de prevenção.

Perguntado se o governo estaria
estimulando muito o consumo de automóveis e motos e se não haveria gastos em
excesso com itens considerados supérfluos, como cosméticos, em vez de maior
investimento das famílias em educação, o ministro respondeu que o incremento do
consumo de carros é natural pela “falta de estrutura de transporte de massa” e
destacou que a elevação de gasto com cosméticos é consequência da maior
participação das mulheres no mercado de trabalho.

O ministro admitiu, no
entanto, que é necessário melhorar a qualidade do ensino no Brasil. “A escola
não vem atendendo com qualidade ao que o mercado de trabalho exige”, criticou
antes de ponderar que será necessário aumentar os gastos no sistema educacional
público a ponto de absorver um aumento de demanda de 30 milhões de pessoas. “A
estrutura de gasto deverá ser proporcional à força de entrada [da população
ascendente] na classe média.”

Durante o programa, Moreira Franco rebateu
as críticas de especialistas que consideram errado chamar o grupo social
emergente de nova classe média. “O critério [de classificação] é renda, de
acordo com a realidade brasileira”, disse ao lembrar que apenas 10% da população
tem renda familiar per capita acima de R$ 1,7 mil (e 0,3% acima de R$ 10
mil).

O ministro defendeu o critério usado pelo governo, de situar a
classe média no intervalo de renda mensal per capita de R$ 291 a R$ 1.019,
destacando que ele está “calibrado” com a realidade internacional. “Somente 18%
da população mundial vive [com renda] acima de R$ 1.019”, reforçou. Franco
destacou que a classe média no Brasil é responsável por deixar R$ 1 trilhão no
mercado de consumo – o que pode estimular aumento da produção interna e do
emprego.

Para o governo, o principal fator de ascensão social é o aumento
da renda, face ao “ganho real” dos salários e a “inflação controlada”. “A classe
média não é resultado só das políticas assistenciais. O crescimento [do estrato
social] é consequência do aumento da renda do trabalho.”

O ministro
elogiou o foco do programa Brasil Carinhoso que irá priorizar o atendimento e o
aumento de renda das famílias com crianças. “No Brasil, os mais pobres são as
crianças; os idosos são mais ricos”, disse ao explicar que o sistema de proteção
social (desenhado desde a Constituição Federal de 1988) ampara melhor os
idosos.

* Agência Brasil