Governo considera elevar tributação para conter entrada de dólares

24 de setembro de 2012

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo poderá adotar
medidas para evitar uma valorização do real caso os efeitos da política de
estímulo americana cheguem ao Brasil.

Segundo Mantega, o governo poderá
comprar dólares e até elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre
operações de caráter especulativo.

Em uma conferência em Londres, o
ministro afirmou que vê como um “absurdo” as acusações do governo americano de
que o Brasil estaria adotando medidas protecionistas e distorcendo o comércio
entre os dois países.

Após abrir o segundo dia do evento promovido pelo
grupo Economist sobre mercados de alto crescimento, Mantega usou dados da Global
Trade Alert para justificar que o Brasil adota muito menos medidas
protecionistas que os Estados Unidos.

“Além de medidas diretas de
protecionismo, ainda temos o “quantitative easing” [injeção de recursos na
economia pelo Fed, o banco central dos EUA], que é uma forma indireta de
protecionismo, porque desvaloriza a moeda local, reduz o valor do dólar, e um
dos objetivos disso é poder aumentar as exportações americanas”, afirmou
Mantega.

Anteontem, o governo americano encaminhou carta ao Itamaraty
alertando que sucessivos aumentos de tarifas sobre importações poderão manchar a
relação comercial entre os dois países e que isso pode levar a contrapartidas
americanas.

“Pelo contrário, nós até temos feito medidas de liberalização
da atividade comercial brasileira”, destacou o ministro, que também participou
de um breve encontro com o ministro das Finanças britânico, George
Osborne.

Durante sua exposição na conferência da revista “Economist”, de
cerca de 30 minutos, Mantega pediu para protestar contra as críticas ao
protecionismo de Brasília. “Nós perdemos de longe da maioria dos países, e
inclusive somos o segundo que mais adotou medidas liberalizantes”,
afirmou.

O comércio do Brasil com os Estados Unidos - Editoria de arte/folhapress

O comércio do Brasil com os Estados
Unidos – Editoria de arte/folhapress

* Folha de S.Paulo