Economia informal passa a crescer no mesmo ritmo do PIB

26 de novembro de 2010

Depois de cinco anos consecutivos (entre 2003 e 2008) crescendo menos
que o Produto Interno Bruto (PIB), a economia subterrânea – negócios
decorrentes de empreendimentos informais não informados aos governos –
passa a crescer este ano na mesma velocidade que a economia formal do
País, segundo o Índice de Economia Subterrânea. Com a revisão de 2009 e
atualização para 2010, o indicador foi divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em conjunto com o Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O total
movimentado pela economia subterrânea ultrapassa agora R$ 650 bilhões em
2010.

De acordo com a pesquisa, a curva da relação do índice com o PIB
parou de cair, e mostra uma tendência de estabilização na casa dos
18,6%. “Isso significa que, nos últimos três anos, a economia
subterrânea cresce na mesma proporção que o PIB brasileiro, o que é
preocupante para a economia do País”, diz o comunicado.

O índice leva em conta uma previsão de crescimento de 7,5% do PIB
este ano e inflação de 5% em 2010. “A divulgação de valores absolutos é
fundamental para que não se tenha a visão equivocada de que a
estabilização em relação ao PIB é positiva. A exemplo de 2009, este ano
mais R$ 656 bilhões devem ficar à margem da economia formal brasileira”,
diz Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e
responsável pelo estudo.

Em julho deste ano, o Ibre/FGV e o ETCO divulgaram que os valores
estimados em reais, em 2009, atingiram R$ 578 bilhões, equivalente ao
PIB da Argentina. Na avaliação do presidente executivo do ETCO, André
Franco Montoro Filho, o crescimento da economia tem um duplo e
antagônico efeito sobre a informalidade.

“De um lado o crescimento gera uma modernização institucional que
estimula a formalização das atividades econômicas, mas de outro o
crescimento da renda aumenta o consumo de bens e serviços, inclusive os
produzidos na economia subterrânea.”

“Os resultados divulgados indicam que o segundo efeito tem sido
predominante nos últimos anos”, acrescentou Montoro Filho, ao comentar
os números.

* do DCI – SP