Dono do próprio negócio

9 de julho de 2010

Neste ano, 15,3 mil catarinenses deixaram a ilegalidade para
serem pequenos empresários

Do trabalho informal ao empreendedorismo. Neste ano, 15,3 mil
catarinenses deixaram a ilegalidade e passaram a ter CNPJ, cobertura
previdenciária e acesso a crédito.

Hoje, astrólogos, ambulantes, engraxates, motoboys e outros 435
profissionais podem ser pequenos empresários.

A mudança é resultado do programa Empreendedor Individual, iniciativa
do governo federal contra a sonegação. Ivete Martins, 50 anos, foi uma
dos catarinenses que interessou pelo projeto. Até o ano passado, ela
estendia lingeries em cadeiras na varanda de casa no Ribeirão da Ilha,
em Florianópolis. Quando as amigas chegavam para comprar, não sabia o
que fazer:

– Eu ficava com vergonha. Nunca tinha vendido nada na vida.

A mercadoria era deixada na casa dela por conhecidas, que pagavam 30%
de comissão. O negócio, que recém completou um ano, cresceu. Agora,
Ivete vende roupas masculinas e femininas compradas em Blumenau, já
instalou um provador na loja e lucra entre R$ 2 e R$ 3 mil por mês.

Em março, depois de ver uma loja de 1,99 ser fechada no bairro por
estar ilegal, o marido de Ivete, Pedro Canofre, procurou o Sebrae. Foi
orientado a se cadastrar no Empreendedor Individual. Agora, espera o
alvará da prefeitura. O programa permite que a empresa tenha até um
funcionário, o que possibilitará que o casal trabalhe junto.

Desde que a lei do empreendedor individual entrou em vigor, em 2009,
19,5 mil pessoas se cadastraram no Estado. Apenas 21% dos novos
trabalhadores legalizados (4,1 mil) fizeram o registro ano passado,
quando era necessário preencher dezenas de dados em uma página na
internet. Dos 7,6 mil catarinenses que tentaram o cadastro em 2009, 3,5
mil não conseguiram devido a problemas, como falta de assinaturas. O
site foi reformulado, o processo facilitado e, desde fevereiro, é
possível ter um CNPJ em menos de 10 minutos, segundo o presidente da
Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, Valdir Pietrobon.
A meta do governo federal é ter 25 mil cadastrados em SC até o final do
ano.

O programa Empreendedor Individual garante ao trabalhador, até então
informal, seu CNPJ e isenção de tributos federais. Os impostos pagos se
resumem a R$ 62,10 mensais, independentemente da renda (que não pode
ultrapassar R$ 3 mil).

– Mas a grande vantagem do programa é retirar da informalidade. A
pessoa pode trabalhar sem medo da fiscalização – diz a analista do
Sebrae de SC Kátia Rausch.

Segundo Kátia, para cada empresa formal do Estado, há outras duas
informais. Hoje, seriam cerca de 600 mil catarinenses trabalhando de
forma ilegal. Apesar das facilidades para abrir uma empresa dentro do
programa, Kátia lembra que é mais aconselhável procurar o Sebrae ou um
contador para orientar no preenchimento do cadastro. Também é preciso se
informar na prefeitura da cidade sobre as exigências para se conseguir o
alvará. No site do programa (www.portaldoempreendedor.gov.br)
há uma lista dos contadores que não cobram pelo trabalho. Também é
preciso se informar na prefeitura da cidade sobre as exigências para se
conseguir o alvará.

CADASTRO
NO BRASIL

* publicado no Jornal de Santa Catarina