Desoneração da folha de pagamento repercute melhor entre empresas de grande porte

23 de novembro de 2012

A desoneração da folha de pagamento repercute melhor nas empresas de grande
porte. Segundo estudo divulgado ontem (22) pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), o percentual de empresários que enxerga a medida como positiva
e acredita que ela contribuirá para a retomada do crescimento, é maior no
segmento das grandes empresas do que no de pequenas e médias empresas.

De
acordo com a pesquisa, entre as empresas de grande porte, 59% veem a medida como
positiva. Esse patamar cai para 49% entre as empresas de médio porte e para 30%
nas pequenas empresas. Já na avaliação sobre a contribuição parcial da medida
para retomada do crescimento, 60% das grandes empresas acreditam que ela
auxiliará. Entre as médias empresas, o percentual cai para 51%, e entre as
pequenas, para 42%.

“Uma razão [para a diferença na avaliação] é que
parte das pequenas empresas podem estar recolhendo pelo Simples [regime
tributário diferenciado]. Se estão recolhendo pelo Simples, não há mudança. Uma
outra razão é que as grandes empresas em geral são mais exportadoras do que as
de menor porte. E a nova sistemática permite deduzir do faturamento as parcelas
das vendas de exportação”, avalia Flávio Castelo Branco, gerente executivo de
política econômica da CNI.

Ele destacou ainda que a medida é melhor vista
entre as empresas intensivas em mão de obra do que entre as que são intensivas
em capital. Os setores contemplados pela medida deixam de pagar a contribuição
de 20% ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e arcam com um percentual
sobre o faturamento como forma de compensação.

O gerente da CNI acredita
que as empresas que avaliaram a desoneração como parcialmente favorável levaram
em conta o fato de a carga tributária não ser o único entrave à competitividade.
“Temos outras distorções na economia brasileira. Temos custos de insumo, como a
energia e custos de capital, como as taxas de juro. Existe ainda a questão da
própria logística, infraestrutura”, comentou.

Além de empresários de
ramos diversos, beneficiados ou não pela medida, a pesquisa da CNI ouviu
representantes do setor da construção civil, que não faz parte do novo regime.
Cerca de 55% das empresas do setor disseram que gostariam de ter sido incluídas
na medida. Também no caso da construção, o interesse é maior entre as empresas
de maior parte. O percentual das grandes que gostaria de participar do novo
regime é 59%. O das médias, 56% e o das pequenas, 51%. “Quando perguntado sobre
a desoneração da folha [o setor da construção], entende que é fundamental. É um
setor intensivo em mão de obra”, comentou Luís Fernando Melo, economista da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

* Agência Brasil