Copom eleva Selic para 10,75% no terceiro reajuste do ano

22 de julho de 2010

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a
taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa
a vigorar pelos próximos 45 dias sobe de 10,25% para 10,75% ao ano. Foi
o terceiro reajuste do ano para uma taxa que começou 2010 em 8,75%, o
nível mais baixo desde a criação do Copom, em 1996.

Em nota divulgada ontem, logo depois do fim da quinta reunião do
colegiado de diretores do BC no ano, o Copom afirmou que “avaliando a
conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom
decidiu, por unani midade, elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano, sem
viés [não pode ser alterada até a próxima reunião]”.

A nota acrescenta ainda que “considerando o processo de redução de
riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última
reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos
e externos, o comitê entende que a decisão irá contribuir para
intensificar esse processo”.

O aumento da Selic não deve, porém, provocar maior impacto nas taxas
de juros das operações de crédito do mercado, de acordo com Miguel José
Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac).

Ele disse que algumas instituições financeiras já anunciaram que não
vão reajustar suas taxas de juros, em razão da queda nos índices de
inadimplência e da maior competição no sistema financeiro. De qualquer
sorte, acrescentou que se houvesse correção plena, de acordo com o
aumento da Selic, o efeito no mercado seria muito pequeno.

De acordo com as contas da Anefac, o Brasil tem a taxa de juros mais
alta do mundo, entre os países industrializados e aqueles em
desenvolvimento. Está acima de 5% reais, descontada a inflação projetada
para os próximos 12 meses, embora os juros praticados pelos bancos
sejam bem mais altos ainda.

Considerando-se uma cesta de seis linhas de crédito oferecidas às
pessoas físicas (juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial,
crédito direto ao consumidor, empréstimo pessoal no banco e empréstimo
em financeira) a taxa média atual, de 6,90% ao mês ou 122,71% ao ano,
aumentaria para 6,94% ao mês ou 123,71% ao ano.

* Agência Brasil