Consenso para legalidade de informais

14 de agosto de 2008

Governo, oposição e lideranças de entidades de classe chegaram, ontem, a um consenso em torno da aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 02/07, que cria a figura do Microempreendedor Individual (MEI). O acordo garante que a matéria receberá tratamento em regime de urgência para concluir a tramitação no Congresso Nacional, o que pode representar sua aprovação nos próximos dias e permitir a formalização de mais de 10 milhões de trabalhadores no País.
O secretário estadual licenciado do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, informou durante o lançamento do Mutirão da Legalidade, que esforços estão sendo concentrados no Congresso Nacional com o intuito de incluir o projeto em regime de prioridade de votação. “O MEI será a lei do ventre livre para os pequenos que querem se tornar cidadãos”, disse.

O compromisso de facilitar a tramitação do projeto foi assumido pelo ministro José Pimentel, da Previdência. Ele garantiu o apoio do governo federal à proposta. “A redução da informalidade interessa ao País, por isso reafirmo meu compromisso de fazer o possível para aprovar a figura do Microempreendedor Individual da forma mais rápida”, assegurou Pimentel.

O PLC 02/07 percorre há um ano e meio os corredores da Câmara, que atualmente tem a pauta trancada por Medidas Provisórias. Com o projeto tramitando em caráter de urgência, ele ainda terá de ser aprovado pelo Senado, onde não deve encontrar obstrução, como garantiu o presidente da casa legislativa, Garibaldi Alves. “O projeto é de interesse nacional, por isso é meu compromisso agilizar sua aprovação na Casa”, disse.

O Mutirão da Legalidade abriga lideranças políticas e empresariais que estarão acompanhando o trâmite do PLC nos bastidores de Brasília. O MEI é um regime de recolhimento que oferece benefícios tributários exclusivos aos profissionais autônomos com faturamento de até R$ 36 mil por ano. Hoje, principalmente pela alta carga tributária, a maioria desses trabalhadores encontra-se às margens da legalidade. No Estado de São Paulo, esse número chega a 3,2 milhões de profissionais. Apenas na capital, 1 milhão deles poderia ser enquadrado.

Benefícios – Com a aprovação desse regime de tributação, os empreendedores terão o benefício da isenção de impostos e contribuições acessórias. Eles passam a recolher, por meio de carnê da Previdência, o valor fixo de R$ 45, mais R$ 1,05 de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e R$ 10 de Imposto Sobre Serviço (ISS). Pimentel também disse que os optantes por esse regime terão proteção previdenciária. “O valor da aposentadoria para essa categoria será de um salário mínimo”, disse o ministro.

Outra vantagem do MEI é que nesse regime não será preciso apresentar informação mensal de faturamento, nem emitir nota fiscal de venda ou de prestação de serviço. No entanto, terão de apresentar nota fiscal de compra de mercadoria. Segundo Afif, essa exigência é necessária para evitar que esses empreenderes movimentem a pirataria.

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) vê com entusiasmo a possibilidade que o MEI abre de trazer para a formalidade o cidadão com espírito de empreendedor. Mesmo sem estar presente no evento, devido ao mau tempo em Curitiba que atrasou o vôo de retorno a São Paulo, Burti mostrou seu apoio à proposta via telefone para os muitos empresários, políticos e futuros adeptos do MEI que acompanhavam o evento, no Clube Esperia. “O País todo ganha quando se tira da informalidade esse enorme quadro de inteligência e espírito empreendedor”, comentou o presidente da ACSP.

Uma das preocupações do empresariado é a de que o projeto do MEI seja mal visto pela nova chefe da Receita Federal, Lina Maria Vieira. A recém-empossada secretária foi crítica de um dos projetos similares ao MEI, o Supersimples.

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo (Sescon-SP), José Maria Chapina, o apoio que o governo federal tem demonstrado ao MEI deve superar qualquer crítica à proposta. “Não há motivo para o governo ser contra a proposta, já que a arrecadação tende a aumentar, além de que o MEI passará a contribuir com a previdência”, lembrou Chapina.

FONTE: Diário do Comércio