Comércio, indústria e trabalhadores contestam alta da taxa Selic

22 de julho de 2010

O aumento da taxa básica de juros (Selic) para 10,75% ao ano provocou
manifestações de indignação no comércio, repúdio na indústria e
desalento nos trabalhadores.

O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL),
Roque Pellizzaro, disse que não haveria necessidade de aumento da taxa
de juros, já que a economia está estável e a inflação equilibrada.

O aumento da Selic vai gerar menos investimentos no país, segundo
Pellizzaro, e pode até desequilibrar a expansão econômica verificada nos
últimos meses, gerando aumento de preços pelo comércio.

Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou
nota logo depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na
qual manifesta o “sentimento de repúdio” do setor produtivo pela
elevação da Selic.

Os industriais discordam do que chamam de “política equivocada” de
aumento dos juros “simplesmente para que as expectativas de mercado não
sejam contrariadas”. Eles dizem que os números são bem claros quanto ao
arrefecimento da inflação.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah,
lamenta que o Copom tenha perdido a oportunidade de tirar do Brasil o
título de recordista mundial de juros altos. Ele lembra que o aumento de
juros já foi adotado em outros governos, trazendo como consequência a
recessão da economia.

Única voz destoante, dentre as muitas repercussões na internet sobre o
aumento dos juros, foi a do presidente do Instituto Brasileiro de
Executivos de Finanças (Ibef), Walter Machado de Barros.

Ele acha que o Copom deveria ter mantido o ritmo de alta da taxa
Selic em 0,75%, como foi nas duas últimas reuniões do colegiado de
diretores do Banco Central. Ele disse que não há clareza quanto à
tendência da continuidade de queda da inflação, além de citar a
existência de incertezas quanto à retomada do ritmo da atividade
econômica, uma vez que, tradicionalmente, tem se verificado aquecimento
natural na segunda metade do ano.

* Agência Brasil