Brasil Reage Bem aos Impactos da Crise

1 de abril de 2009

Presidente do Banco Central aponta dados positivos para demonstrar que país tem condições melhores que maioria dos emergentes

 

A recuperação das vendas no varejo, da produção e vendas de veículos, e do valor dos salários nos primeiros meses do ano sinaliza que o país tem reagido positivamente aos impactos da crise financeira mundial, avaliou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em debate no Senado. Segundo ele, isso se deve ao amadurecimento do mercado interno, às reservas internacionais e aos depósitos compulsórios disponíveis, que permitiram que o governo adotasse medidas necessárias à proteção da economia nacional .

– Apesar de enfrentar problemas, o Brasil está hoje em melhores condições que a grande maioria dos países emergentes – afirmou. Meirelles falou aos senadores das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Acompanhamento da Crise Financeira e de Empregabilidade.

De acordo com o presidente do Banco Central, a expressiva queda do produto interno bruto (PIB) brasileiro no último trimestre de 2008 deve ser avaliada como uma redução do acelerado crescimento verificado no período anterior – o país registrou 6,8% de crescimento do PIB no terceiro trimestre de 2008 e 1,3% nos três meses seguintes. Embora a queda reflita problemas enfrentados pela economia real, disse, a manutenção de índices positivos dão tranquilidade para a gestão da crise .

Meirelles apresentou dados que apontam que a venda de veículos, que caiu a 180 mil unidades em dezembro de 2008, chegou a 260 mil unidades em janeiro, próximo ao observado antes da crise (280 mil carros). Movimento semelhante, afirmou, vem ocorrendo nas vendas no varejo, que, em janeiro, cresceram 1,4% em relação ao mês anterior.

Para Meirelles, os dados podem ser explicados pelo fato de o volume de crédito doméstico no país (US$ 620 bilhões), antes da crise, ser significativamente superior ao montante de crédito externo (US$ 97 bilhões), reduzindo a exposição do país à turbulência no mercado internacional. Em consequência, disse, a expectativa das taxas de juros continuou declinante, ao contrário do ocorrido em outras crises. Conforme o presidente do BC, a dependência externa do país no passado obrigava a elevação dos juros em momentos de crise na economia global.

A redução da parcela de dívida pública atrelada à variação cambial e o aumento da fatia de débitos prefixados ou atrelados a índices de preços também foram relevantes para a estabilidade da economia. Em consequência, observou, a expectativa de queda de inflação se mantém, mesmo com a crise mundial.

Mesmo com a situação favorável, Meirelles destacou a adoção de medidas para ampliar a liquidez no mercado de crédito, como o aumento de recursos para financiamentos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a elevação de aportes no crédito rural.

Ao manifestar preocupação com a perda da capacidade de financiamento dos bancos pequenos e médios, Meirelles informou que o Banco Central estuda mecanismos para dar maior competitividade a esse segmento.
FONTE:SENADO