Brasil Gera Mais de 1,45 Milhão de Empregos Em 2008

22 de janeiro de 2009

Resultado é o terceiro maior da série histórica do Caged. Crise financeira internacional impactou a geração de postos em dezembro e governo estuda medidas com foco na criação de mais vagas.

 

Foram gerados 1.452.204 empregos formais no ano de 2008, o que representou um crescimento de 5,01% no estoque de assalariados celetista em relação a dezembro de 2007. Mais pessoas desfrutando de benefícios como 13º salário, férias remuneradas, FGTS e acesso ao seguro-desemprego. Em termos absolutos, este foi o terceiro melhor resultado da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado esta segunda-feira (19) pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Os recordes anteriores foram em 2007 (1.617.392 postos) e 2004 (1.523.276 postos). O desempenho mais modesto em 2008 reflete os efeitos negativos da crise financeira internacional sobre o mercado de trabalho, vislumbrados no mês de outubro e confirmados nos meses de novembro e dezembro. No último mês do ano, foram fechados 654.946 postos. O Brasil possui hoje em estoque 30.418.394 trabalhadores formais, sendo que 7.720.972 postos só entre 2003 e 2008.

 

“Um momento de crise não é momento de retirar direitos dos trabalhadores. Precisamos chegar a um acordo que não prejudique os trabalhadores. O Brasil, que pertence ao contexto globalizado, sofreu em dezembro com a crise. Já conversei com o presidente Lula sobre novas medidas que poderão ser adotadas para defender os trabalhadores. Todas as medidas a serem tomadas têm como foco na geração de emprego”, destacou o ministro Lupi.

 

No mesmo período, os Estados Unidos fecharam cerca de 2,6 milhões de postos de trabalho; 1,1 milhão só em novembro e dezembro de 2008. A previsão do mercado é de menos 2 milhões de vagas para os americanos em 2009.

“Para 2009 mantenho a previsão de 1,5 milhão de novos empregos. Em janeiro e fevereiro teremos empregabilidade frágil, mas em março o mercado de trabalho voltará a crescer.”

 

Setores de atividade econômica – Todos os setores apresentaram crescimento no nível de emprego em 2008. Em termos absolutos, Serviços, com o aumento  recorde de 648.259 postos de trabalho (+5,67%), liderou a geração de postos com carteira assinada no período. Em seguida vêm os setores do Comércio (+382.218 postos; +5,91%); da Construção Civil (+197.868 postos; +12,93%) – resultado recorde da série do período e a maior taxa de crescimento dentre todos os setores -; e da Indústria de Transformação (+178.675 postos ou +2,55%).  

 

O setor Agrícola, ao responder pela elevação de 1,22% ou acréscimo de 18.232 empregos, apresentou um comportamento mais modesto em relação aos demais setores mencionados. Contudo, tal desempenho sinaliza a manutenção  da trajetória de recuperação verificada em 2006 (+6.574 postos ou +0,45%), quando comparado ao mesmo período de 2005 (-12.878 postos ou -0,87%) e confirmada em 2007 (+21.093 postos ou +1,43%). 

 

O dinamismo do setor Serviços em 2008 pode ser atribuído à elevação em todos os seis segmentos que o integram, com destaque para os Serviços de Alojamentos, Alimentação, Reparação e Manutenção (+184.011 postos ou +4,43%) e Serviços Médicos Odontológicos (+77.619 postos ou +6,56%), que evidenciaram resultados recordes no período. Destacam-se também os Serviços de Comércio e de Administração de Imóveis (+237.829 postos  ou +8,18%), com a segunda maior geração de empregos na série do Caged para o período. 

 

No que se refere à Indústria de Transformação, observa-se que dos doze ramos industriais, nove revelaram elevação e os que mais se sobressaíram em termos de geração de empregos foram a Indústria de Produtos Alimentícios (+57.529 postos), a Indústria Metalúrgica (+31.879 postos), a Indústria Mecânica (+23.515 postos) e a Indústria Têxtil (+22.009 postos). Em contrapartida, a Indústria da Madeira e do Mobiliário (-12.857 postos), a Indústria de Calçados (-8.703 postos) e a Indústria da Borracha e Fumo (-2.899 postos) foram as que registraram perda de empregos em 2008.  Em relação ao mesmo período do ano anterior, todos os ramos da Indústria revelaram desempenho desfavorável, o que pode estar indicando que este setor foi o mais afetado pela crise financeira internacional. 

 

Regiões – Em termos geográficos, os dados mostram expansão generalizada do emprego. Nas grandes regiões verificou-se o seguinte comportamento: Sudeste (+840.299 postos ou + 5,21%), o segundo melhor resultado, superado pelo ocorrido em 2007 (+949.797 postos ou +6,25%); Sul (+275.363 postos ou + 5,12%); Nordeste (+203.617 postos ou +4,82%), a segunda maior geração de empregos, muito próxima do recorde registrado em 2007 (+204.310 postos ou +5,08%); Centro-Oeste (+106.351 postos ou +5,26%), o segundo maior saldo do período, menor apenas que o verificado em 2004 (+111.302 postos ou +6,48%) e Norte (+26.574 postos ou +2,20%).  

 

Unidades da Federação – Entre os estados, em números absolutos, os melhores desempenhos foram registrados em São Paulo (+525.607 empregos ou +5,46%); Rio de Janeiro (+154.596 empregos ou +5,48%, desempenho recorde do período); Minas Gerais (+130.722 empregos ou +4,19%); Paraná (+110.903 empregos ou +5,69 %); Rio Grande do Sul (+90.544  empregos ou + 4,60%) e Santa Catarina (+ 73.906 empregos ou +5,07%). Em termos percentuais, o destaque coube ao Maranhão, com o crescimento de 7,19% ou mais 19.344  empregos. 

 

Grandes cidades superam interior – O conjunto das Áreas Metropolitanas respondeu pela geração de 679.177 empregos em 2008, segundo melhor saldo do período, sendo menor apenas que o verificado em 2007 (+736.593 postos ou +6,51%). O interior desses nove estados foi responsável pelo incremento de 477.094 postos de trabalho (+4,46%), indicando menor dinamismo em relação aos aglomerados urbanos, mudando a tendência do início do ano passado, quando o interior apresentava resultados superiores mês a mês. 

 

Dezembro de 2008 – No mês de dezembro verificou-se redução de 654.946 postos de trabalho, queda de 2,11%, tomando como referência o estoque do mês anterior. Tradicionalmente, os dados do Caged evidenciam uma marcada sazonalidade negativa (entressafra agrícola, término do ciclo escolar, esgotamento da bolha de consumo no final do ano, fatores climáticos) no mês de dezembro, que permeia quase todos os subsetores de atividade econômica e estados.  

 

Além dos fatores sazonais, o comportamento do emprego no mês de dezembro também é alimentado por fatores conjunturais que amenizam ou acentuam a sazonalidade negativa presente no mês. Em dezembro do ano passado, todos os subsetores e Unidades da Federação apresentaram declínios acentuados no nível de empregos. Em termos setoriais, a Indústria de Transformação (-273.240 postos ou -3,67%); a Agricultura (-134.487 ou -8,14%); os Serviços (-117.128 postos ou -0,96%) e a Construção Civil (-82.432 postos ou 4,55%) foram os principais setores responsáveis pelo declínio do emprego no mês. Quanto aos estados, os que mostraram as maiores quedas foram: São Paulo (-285.532 postos ou -2,74%), Minas Gerais (-88.062 postos ou -2,64%), Paraná (-49.822 postos ou -2,36%), Santa Catarina (-27.843 postos ou -1,78%) e Rio Grande do Sul (-27.678 postos ou -1,33%).

 

“A indústria de transformação foi sem dúvida o setor que mais colaborou para a perda de empregos no final do ano. Acumulou-se muito estoque neste setor até setembro, houve forte contratação no início do ano; mas os subsetores dependentes de exportação, como a indústria de alimentação e mecânica; sentiram as turbulências do mercado internacional e começaram o movimento de demissões em novembro. No entanto, eu reforço a minha expectativa de que em março retomaremos o movimento de crescimento de empregos formais”, disse Lupi.
FONTE:MTE