Brasil deve gerar até 1,5 mi de empregos em 2012, dizem especialistas

21 de agosto de 2012

Expectativa é reforçada pelos dados de julho do Caged, que apontaram uma
criação de 142,5 mil empregos no mês passado, acima das projeções mais
otimistas.

A alta na demanda do setor de serviços, com reflexo no
crescimento do consumo de bens industriais, deve fazer com que o País gere 1,5
milhão de empregos em 2012, na avaliação de especialistas que participaram nesta
segunda-feira, 20, do seminário “Competitividade – o Calcanhar de Aquiles do
Brasil”, realizado pela da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de
São Paulo (FecomercioSP). A expectativa é reforçada pelos dados de julho do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho,
que apontaram uma criação de 142,5 mil empregos no mês passado – acima das
projeções mais otimistas.

Para o presidente do Conselho de Emprego e
Relações do Trabalho da FecomercioSP, José Pastore, “a massa salarial vigorosa e
os reajustes nos salários” tem impacto no setor de serviços e, consequentemente,
provocam um reflexo na produção industrial. “Isso deve garantir um bom quadro no
emprego até o final do ano”, disse. “Mas, no momento, o que nos preocupa é a
redução na capacidade de investimento da indústria, que pode trazer problemas
para 2013”, completou.

Para o ex-ministro do Trabalho e professor da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Walter Barelli, ainda não é possível
avaliar o nível de impacto na geração de emprego industrial das medidas pontuais
de redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) nos setores
automotivo e de linha branca, previstas para acabar no dia 31. “É certo que isso
gerou consumo, mas para saber se as medidas puxaram as vendas de estoques ou
geraram produção, isso só quando elas acabarem”, disse Barelli.

Segundo o
ex-ministro, a curva de emprego cresce naturalmente no segundo semestre,
“principalmente porque no primeiro semestre há um ingresso grande de
recém-formados no mercado de trabalho e o aumento nas demissões após o final do
ano”.

Já na avaliação de Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese),
a criação de até 1,5 milhão de empregos em 2012 seria um resultado muito bom,
diante do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 1,5% e 2%. “Mesmo com um
crescimento menor, a indústria segura o emprego para atender a demanda”,
disse.

Para o representante do Dieese, “não dá para imaginar, no entanto,
que o crescimento de empregos na indústria será contínuo”. O desafio, na
avaliação de Lucio, é crescer em produtividade, uma das respostas à falta de
investimentos do setor apontado por Pastore. “Os ganhos de produtividade trazem
aumentos nos salários, maior oferta, maior consumo e criam um círculo virtuoso”,
concluiu.

Já segundo Mário Bernardini, membro do Conselho Superior de
Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a queda no
ingresso da pessoas que entram no mercado de trabalho anualmente para a metade
do nível do que era há dez anos é suficiente para não piorar o desemprego. “O
Brasil, do ponto de vista do emprego, não precisa crescer mais que 2,5% ao ano”,
disse.

* Agência Estado