Arrecadação desacelerou por conta de depósitos judiciais, explica Receita

24 de novembro de 2010

Em outubro de 2009, houve receitas de R$ 5 bilhões em depósitos
judiciais. Sem manobra contábil, arrecadação teria crescido 12,27%, e
não de 3,88%.

O subsecretário de Tributação da Secretaria da Receita Federal,
Sandro Serpa, afimou nesta terça-feira (23) que a arrecadação de
impostos e contribuições federais desacelerou mais fortemente em outubro
deste ano, apesar de bater recorde histórico, por conta dos depósitos
judiciais, no valor de R$ 5 bilhões, contabilizados pelo Tesouro
Nacional em outubro de 2009.

A manobra contábil do Tesouro, que foi feita por meio do resgate de
depósitos judiciais antigos que estavam na Caixa Econômica Federal, foi
utilizada para inflar o superávit primário no ano passado – a economia
feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter a sua
trajetória de queda. Mesmo assim, a meta de superávit primário cheia do
setor público consolidado, que caiu de 3,3% para 2,5% do PIB em 2009,
não foi cumprida. O superávit primário ficou em 2,05% do PIB no ano
passado.

Com a contabilização destes depósitos judiciais, a arrecadação subiu
R$ 5 bilhões em outubro do ano passado, o que influenciou na base de
comparação, que ficou maior. Com a arrecadação de outubro do ano passado
inflada pelo efeito da medida, houve crescimento, na comparação com
outubro deste ano, de 2,89% nas receitas totais e de 3,88% nas receitas
administradas (imposto e contribuições, sem concessões). Se for retirado
o efeito da manobra contábil, a receita administrada mostraria um
crescimento bem maior: de 12,27%, mais próxima do registrado no restante
deste ano, informou a Receita Federal.

“A arrecadação está realmente vindo bem. Continua acompanhando a
tendência de crescimento da economia. A arrecadação continua em um ritmo
muito bom. Não teve essa atenuação [em outubro]. Continua com
crescimento vigoroso”, disse Serpa, lembrando, porém, que os valores
começaram a subir, com mais intensidade, em outubro do ano passado – com
a reativação da economia após a crise financeira. Deste modo, argumenta
ele, a tendência de crescimento está mantida, mas em menor intensidade.

* do G1