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Após saída de Cintra, Guedes volta a defender imposto sobre transações financeiras
24/09/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender um imposto sobre transações financeiras. Esse imposto é comparado à antiga CPMF e a defesa de sua implementação levou à saída do economista Marcos Cintra do comando da Receita Federal. Para Guedes, o tributo é “feio”, mas serviria para baixar outras alíquotas, e não seria “cruel”, como os encargos trabalhistas.
— Eu quero só que fique claro o seguinte. Era esse imposto, pela potência fiscal dele, ele arrecada R$ 150 bilhões, que ia permitir alíquotas mais baixas de Imposto de Renda, alíquotas mais baixas de Imposto de Valor Adicionado (IVA, que seria criado a partir da fusão de outros impostos), alíquotas mais baixas de impostos trabalhistas. Tudo isso seria possibilitado por esse imposto — disse o ministro, em entrevista à rádio “Jovem Pan”.
A entrevista foi concedida na última sexta-feira, e foi ao ar nesta segunda.
O imposto sobre transações era um dos pilares da reforma tributária planejada pela equipe econômica, que previa também a desoneração da folha de salário das empresas. Após a saída de Cintra, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais descartar a ideia do novo imposto.
Segundo Guedes, a saída de Cintra pode possibilitar que se converse “com calma” sobre a ideia. O ministro continuou dizendo dizendo que o país precisa escolher entre alíquotas altas em outros impostos ou o tributo sobre pagamentos.
— Vocês preferem a perversidade dos encargos trabalhistas do que o imposto feio? O imposto sobre transação é feio, o outro é cruel. Você prefere o feio ou o cruel? Isso era um opção que nós forneceremos, estava no nosso programa oferecer essa opção — disse ele.
Perguntado se o imposto foi descartado com a queda de Cintra, Guedes respondeu:
— O último que falou nisso foi demitido, então não vou falar nisso.
Para o ministro, o imposto sobre transações não prejudicaria os mais pobres porque sua equipe estava criando mecanismos para compensar essa tributação. Segundo ele, um aumento de R$ 0,08 no Bolsa Família e uma alta de R$ 0,40 no salário mínimo compensaria a criação do imposto.
— Está cheio de gente que não paga imposto. Traficante de drogas, sonegador, o político que for corrupto e receber por fora, essa turma não paga. A nova economia não está pagando. Aí quando você fala vamos pagar esse novo imposto. “Ah, vai pegar nos mais pobres”. Pode ficar tranquilo que dos pobres nós já cuidamos — disse.
Para Guedes, a discussão sobre a reforma tributária ficou tumultuada após Câmara e Senado criarem propostas próprias e disputarem o protagonismo sobre o tema, inclusive com o Executivo. O próprio governo, porém, não mandou sua proposta até agora. Isso teria feito a “dança” entre os poderes virar um baile funk.
— Começou essa dança atravessada, esse passo atravessado. A gente estava dançando, e de repente os passos começaram a sair errado. Começou a bagunça e virou baile funk, deram tiro para cima e começou a correria no salão. Pedimos ‘Cintra, dá licença, vai embora, acalma tudo.
Fonte: Época Negócios